quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Cérebro Ativo

Cérebro ativo reserva neurônios para velhice

JC e-mail 3417, de 24 de Dezembro de 2007. Cérebro ativo reserva neurônios para velhice Neurogênese compensa os danos inerentes ao envelhecimento, como o Alzheimer, e deixa mentes afiadas

Jane E. Brody escreve para o “New York Times”:
Como outras partes do corpo, o cérebro muda com a idade. Essas mudanças podem impedir a clareza de raciocínio e o funcionamento da memória. Mesmo assim, várias pessoas com idade avançada parecem manter a mente afiada, até acima dos 80 anos. Embora o seu ritmo de vida tenha diminuído, elas continuam a trabalhar, viajar, assistir a shows, jogar cartas, estudar idiomas, usar computadores, ler livros e praticar atividades que cansariam pessoas bem mais jovens.
Quando esses jovens idosos morrem, porém, análises dos seus cérebros geralmente mostram anomalias parecidas com aquelas de pacientes que sofrem de Mal de Alzheimer. Pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, como os doutores Nikolaos Scarmeas and Yaakov Stern, lembram que um estudo, publicado em 1988, mostrou que idosos que morreram com suas funções cognitivas perfeitas apresentavam um desenho cerebral semelhante aos de pacientes com Alzheimer.
Estudos posteriores revelaram que dois terços de pessoas cujas autópsias revelaram anomalias semelhantes morreram com suas funções cerebrais intactas. Para os pesquisadores da Universidade de Columbia, alguma coisa deve impedir que essas anomalias se manifestem. Eles acreditam que seja algo que está sendo chamado pela comunidade científica de “reserva de conhecimento” ou “reserva cognitiva”.
Neurônios extras bloqueariam Alzheimer Essa nova teoria sugere que o cérebro teria a capacidade de desenvolver e manter neurônios extras. Em um determinado período da vida, as conexões entre tais neurônios compensariam os danos cerebrais inerentes ao envelhecimento. Estudos mostram que animais expostos a atividade física e estímulos mentais parecem adquirir uma grande quantidade de neurônios saudáveis extras, com uma rede de conexões entre eles. Os cientistas acreditam que essas células seriam capazes de cobrir aquelas danificadas pela demência, por exemplo.
Neurologistas têm tentado descobrir como algumas pessoas conseguem desenvolver essas reservas de conhecimento. Eles já sabem que não há fórmulas fáceis para combater o envelhecimento do cérebro e poucas evidências de que qualquer suplemento, programa ou equipamento seja realmente eficaz para proteger ou aumentar as funções cerebrais — como prometem substâncias como a ginkgo biloba, por exemplo.
Apesar disso, estudos sugerem que há algumas formas de aperfeiçoar as capacidades do cérebro. Alguns deles dizem que o ideal é começar cedo a armazenar essas reservas cognitivas, embora pareça ser possível criá-las mesmo em idades mais avançadas. As reservas cognitivas seriam maiores em pessoas com um maior grau de educação. Quanto maiores forem os desafios intelectuais encarados pelo cérebro no começo da vida, maiores as chances de se desenvolverem neurônios e suas conexões extras.
Pesquisas sobre o envelhecimento mostram que maiores graus de educação e desenvolvimento intelectual estão associados com um declínio mais lento das funções cognitivas. Alguns médicos sugerem que essas reservas de conhecimento estão ligadas a uma predisposição genética para o desenvolvimento intelectual e a educação, já que pessoas consideradas mais inteligentes têm mais chances de evoluir nos estudos. Só que o estímulo ao cérebro não tem que parar com a obtenção do diploma.
Pessoas com maiores níveis de escolaridade devem seguir buscando desafios intelectuais, em suas ocupações ou em hobbies, criando formas de aprendizado constantes. É sabido que novidades são cruciais para gerar estímulos para o cérebro de adultos. Se a pessoa faz a mesma coisa repetidamente, sem ser apresentada a novos desafios intelectuais, seu cérebro não terá benefício algum. Os cientistas comparam esse mecanismo ao dos músculos, que precisam ser usados para que se desenvolvam.
O cérebro precisaria de um processo semelhante para se desenvolver e manter-se ativo. Rede social reduziria chances de demênciaUm estudo recente com idosos de Nova York revelou que, em média, aqueles que se dedicavam a atividades intelectuais ou de natureza social tinham 38% menos chances de desenvolver demência. Outros estudos, feitos em países como Suécia e China, demonstraram que interações sociais também ajudam a blindar o cérebro contra a demência.
Quanto maior for a rede social vivida por uma pessoa de idade avançada, maiores são as chances de o cérebro se manter saudável. Mas talvez a forma mais importante para conservar a mente saudável é cuidar do resto do corpo também. Estudos feitos por neurologistas da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, mostraram que exercícios físicos são capazes de aprimorar o que os cientistas chamam de “funções executivas”, aquelas habilidades que o organismo seleciona para cada situação apropriada, evitando a perda de foco e a ocorrência de distrações.

Funções executivas incluem atividades básicas como processar números e lembrar um endereço. Embora essas funções executivas diminuam com a idade, idosos com um histórico de atividades físicas têm essas funções preservadas por mais tempo do que aqueles que tiveram uma vida sedentária. Mesmo assim, pessoas que foram sedentárias por quase toda a vida, tem chances de melhorar suas funções executivas se dedicarem-se a uma atividade física. Afinal, exercícios melhoram a circulação, reduzindo o risco de infartos e a formação de coágulos no coração, estimulando o surgimento de novos neurônios. (O Globo, 23/12)
Lucas Santos
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